segunda-feira, 15 de novembro de 2010

LOLOBA

Eu não sei se vocês já ouviram falar em Loloba. Era um homem de pele marrom avermelhada que conduzia bois montado em um cavalo pelas ruas da Estação de Itacaranha. Havia um encantamento em um homem montado a cavalo, lembrava  os filmes e seriados norte-americanos, a exemplo de Roy Rogers, seriado dos anos 50, mas exibido no Brasil nos anos 70. 

Quando Loloba passava era uma festa porque sabíamos que a diversão depois era certa. É que após a passagem dos bois, esperávamos o dia seguinte, às vezes mais que isso, para irmos catar as fezes dos animais, que serviam de adubo para as plantas.
Como isso era d i v e r t i d o!
Pode parecer estranho, mas era, sim. A diversão consistia em localizar as placas de fezes espalhadas pelo caminho. Um verdadeiro caça-cocô. Depois de ter catado todas as fezes ressecadas, chegávamos alegres em casa, pois estavam prontas para o adubo.

Penso hoje que a criança se diverte com qualquer coisa, pelo menos a criança que vivia isolada de muitos apelos comerciais. A Itaracanha dos anos 70 era um lugar ermo, distante do Centro da Cidade. Havia uma venda, um tipo de merceraria, e muitas barracas em frente a Estação de trem e de nossa casa, onde íamos comprar queimado (o que chamam hoje de bala), refrigerante Crush e outras guloseimas. No entanto, a ida nossa a esses espaços não era muito frequente. A nossa diversão era subir no pé de araçá e comer a fruta no pé, lascar uma boa cana do dente ou ir para a praia. Aos domingos, uma senhora fazia abafabanca. Levávamos uma cuia de plásticos e trazíamos os cubos de vários sabores (eu gostava muito dos cubos de coco). Corríamos de volta para não derreter (a casa ficava mais ou menos próxima da nossa)

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