quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Vendaval

Seria um dia como outro qualquer. Tinha ido para escola, mas ainda era cedo para aquele céu tão cinzento. Começou a ventar muito forte e as nuvens a ficar mais escuras, a tal ponto de acharmos que já era tarde. A escola nos liberou logo porque temia pelo nosso retorno à casa, pois já previam que uma forte chuva estava a caminho.

Durante o recreio, lembro-me do vento no meu rosto e fazia o meu cabelo esvoaçar. Gostava daquela sensação de frescor, sem qualquer dimensão de perigo.

Em casa, vivemos momentos difíceis, pois o vento continuava forte e a chuva começava a cair. Víamos relâpagos e ouvíamos as trovoadas. Parecia que o mundo ia se acabar. Neste dia, meu pai chegou bem tarde, pois ele vinha de trem e em dias de chuva sempre atrasava. O vento não dava trégua e começamos a ver a sua fúria. As telhas da nossa casa (de eternit) voavam como se fossem de papelão. Todo os dois quartos ficaram inteiramente descobertos. O telhado da sala começava a querer voar, movimentando-se como se fosse onda, anunciando uma tragédia maior. Corremos para a cozinha e começamos a gritar e a rezar. Depois disso, apenas me lembro de que fomos parar em Dona Gazinha, uma senhora muito simpática que nos acolheu e em sua casa dormimos. Depois disso, não me lembro de mais nada: como voltamos, quanto tempo levou para retelhar a casa, etc.

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