quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Casa e Infância

É muito difícil dissociar a casa da nossa memória de infância, portanto de vez em quando voltarei a ela. Aliás, a casa nos acompanha a vida toda. Afinal, além de nos abrigar da chuva e do sol, ela nos protege e nos diverte (quantas vezes brincamos com ela, dentro dela, usando os seus compartimentos, suas paredes, telhados, piso, teto e todas as coisas que fazem parte dela e que também são colocadas nela?). A casa (e a falta dela) faz parte da identidade de qualquer um, pois as pessoas nos localizam, nos dizem quem somos, a partir dela e da nossa relação com ela.

Um dia desses, eu e as minhas irmãs transformamos a cabeceira da cama em cavalo. O seriado Roy Rogers nos fazia imaginar pessoas montadas em um cavalo e como não tínhamos um (só Loloba), colocávamos o travesseira dobrado sobre a cabeceira (que servia de sela) e simulávamos perseguições pelo oeste norte-americano, bem ao estilo texano.

 
Mas a nossa relação com a casa, dava-se muito mais com o seu entorno, com o quintal. Nele, as árvores se transformavam em submarinos (referência ao seriado norte-americano Viagem ao Fundo do Mar) com direito a emissão daquele barulhinho que só quem já assitistiu saberia reproduzir. No seriado, havia dois personagens de destaque:  Major Lee e o Almirante Nelson. Quem era quem na nossa brincadeira? Nós tínhamos como resolver a questão da patente. Como a minha irmã mais velha, Fátima, subia até o "olho" do araçazeiro, acabava ficando com o título de almirante e eu que ficava na metade do caminho recebia a patente de major. Minha irmã Marta era bem pequena e não subia na árvore, fazia o papel de monstro marinho.

Em dias de chuva, saíamos para brincar de colocar barquinho de papel no rego por onde escoava a água da chuva. Era um longo percurso e era muito divertido ver o barco percorrer o caminho em grande velocidade até afundar. Brincar debaixo de chuva é bom demaisssss.

Um comentário:

  1. Olá Lúcia! Adorei o seu blog!!! Ao fazer a leitura senti uma emoção muito grande e foi como se reavivasse em mim cenas da minha vida que estavam esquecidas no âmago do meu ser. Muito bom!!!! Um grande abraço, Sandra ( do subúrbio também, só que de Plataforma ) Ok!!

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